Se engenheiros tivessem desenhado o ombro, eles poderiam ser acusados de sacrificar a estabilidade pela mobilidade. Enquanto extremamente móvel, a articulação do ombro não é muito estável.
O ombro tem 4 articulações separadas, a glenohumeral, a esternoclavicular, a acromioclavicular e a escapulotorácica. O impacto de um movimento de Aikido pode afetar qualquer uma dessas articulações, reduzindo a flexibilidade e mobilidade de toda a cintura escapular (o conjunto das articulações do ombro). Muito do trabalho de manter a estabilidade articular cai sobre os músculos (que também mantem uma importante tarefa de movimentar o ombro, é obvio). Especialmente importantes para a estabilidade são os músculos do manguito Rotator: o Supraespinhoso, o Infraespinhoso, o Subescapular e o Redondo Menor.
Uma causa comum de dor no ombro é a compressão do tendão do manguito rotator e da bursa acisomial (um saco contendo líquido lubrificante) que repousa sobre o braço (cabeça do úmero) e a cavidade clenóide (articulação coracoacromial) elevar os braços acima da altura do ombro pode provocar tal tipo de compressão e tal compressão pode irritar os tendões que podem desenvolver uma reação inflamatória e causar tendinites – uma doença associada com o superuso em atividades como natação, tênis, baseball e Aikido.
Técnicas de Aikido quando mal aplicadas durante o treino, podem facilmente agravar inflamações nos tendões. através dos movimentos circulares do braço, assim como no Kokyu Nage, pode facilmente lesar, especialmente se o uke não é desequilibrado previamente. Nesses movimentos um estresse biomecânico excessivo pode ser aplicado sobre o ombro se o braço que projeta encontra muita resistência no uke.
Obviamente nem toda dor no ombro tem essas causas. Outra causa comum é uma doença degenerativa na face inferior da articulação acrômioclavicular. Sem dúvida, o ombro é muito vulnerável a mudanças degenerativas associadas à idade, um fato relevante para aikidoístas devido a grande variação de idades em nossa classe.
Rupturas traumáticas também podem ser causa de dor. Mais comumente há ruptura devido ao choque que ocorre no tendão do músculo supraespinhoso, devido a sua vascularização ineficiente.
Outra causa traumática de dor pode ser devido as luxações, na sua maioria anteriores como fatores etiologicos podemos ter desde uma resistência do uke em terminações que “forcem” esta articulação, quedas onde o uke tenta evitar “cair sobre a cabeça” caindo com os braços esticados ou ainda uma finalização mal efetuada, principalmente nikyo onde ao invés de se fazer a rotação externa se faz rotação interna.
Com uma combinação de vascularização ineficiente e traumatismos repetitivos podem causar a formação de tecido cicatricial e calcificação causando ruptura do manguito rotator (ombro paralítico) ou da bursa Subdeltoídea (Bursite Aguda).
Finalizando, uma combinação de estresse contínuo com uma vascularização ineficiente não permite uma recuperação adequada, como resultado podemos ter queixas relacionadas ao ombro que perdurem anos, pois frequentemente não se resolvem sozinhas, e mais comumente pioram.
por Vargas Sensei
Este texto não é integralmente de sua autoria. Contém partes extraídas de pesquisas”.
originalmente publicado em GIRI, ano III, N2, OUT de 1995
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